7 de setembro de 2010

FOLHA RENDILHADA









 

Como teia são meus pensamentos,
Inertes e entrelaçados,
Com ódio e amor.
Desatento coração
Que não percebe sua própria dor.
Baterá manso até morrer...
Curvar-se-á o outono de folhas soltas,
Rendendo-me a beleza de seu véu,
Cobrindo o solo por onde passar
De encontro ao sofrimento
Que calará minha voz.
Terei lembrança de prados sem cor,
Do vento frio e cortante como lâmina
Que calejou meus dias de sol e
Desalojou meu espírito do ventre impuro...
Lembrarei das lágrimas... aquelas que não contei
Pois se perderam entre grãos de areia
De uma praia pintada feito noite,
Como óleo sobre tela,
Compondo o belo de qualquer natureza morta.
Assim, estarei distante quando as folhas secarem
E não sentirei mais o gelo das invernadas.
Estarei remido de minhas dores, de minhas feridas.
Pousarei suavemente a Teus pés...
Feito folha rendilhada ao vento.

by Deppe