7 de maio de 2008

PEDIDA A PRISÃO DO CASAL

O promotor Francisco Cembranelli ofereceu hoje denúncia à justiça - e pediu a prisão preventiva de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Ele afirma que há evidências suficientes para levar o casal a júri popular, pela morte da menina Isabella.
O promotor Francisco Cembranelli foi categórico: Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá mataram Isabella. Eles foram denunciados por homicídio doloso, em que há a intenção de matar, triplamente qualificado, ou seja, por meio cruel, sem chance de defesa para a vítima e por ter sido cometido para ocultar outro crime.
"Ela já estava ferida, ela já estava passando por um processo de asfixia bastante grave, contundente e que fatalmente a levaria à morte. Houve a aceleração desse processo com o lançamento da criança. Ninguém joga uma criança de 5 anos pela janela, do sexto andar e imagine que ela vá sobreviver", disse o promotor.
Francisco Cembranelli não fala em motivação, mas sim nas circunstâncias em que o crime ocorreu.
“Houve discussão relacionada a ciúmes. No meio dessa discussão a menina foi ferida. Imediatamente outras agressões foram praticadas, culminando com o lançamento dela pela janela”, afirmou.
O promotor deixou claro que não se prendeu a nenhum detalhe da investigação. Concluiu pela culpa do casal porque, segundo ele, há um conjunto de provas suficiente para incriminar os dois.
Um dos pontos mais questionados foi se havia sangue no carro e se era de Isabella:
“O sangue é de isabella. Para se concluir se o sangue no carro é de Isabella ou não, não somente o DNA será considerado. Existem outras provas no inquérito policial que serão levadas em consideração”, afirmou o promotor.
No inquérito, ao qual o Jornal Nacional teve acesso com exclusividade, o laudo dos peritos não é conclusivo. A perícia encontrou uma mistura de materiais biológicos de duas ou mais pessoas. Por causa dessa mistura, os peritos não conseguiram dizer se o material encontrado é de Isabella, do pai, da madrasta ou dos irmãos. Todos estavam no carro.
O repórter pergunta se o sangue no carro é determinante para a denúncia contra o casal.
“Não, não é determinante”.
Pergunta também como o promotor pode dizer que há provas conclusivas.
“Há provas como disse e não é só em relação ao DNA. Há provas de que o sangue é de Isabella sim e isso vai ficar provado no curso da instrução criminal”.
O promotor também não considera fundamental saber se o sangue na fralda era de Isabella. Sobre um exame de DNA mais detalhado, ele não acredita ser necessário.
O promotor, mais uma vez, descartou a versão apresentada pelo casal.
“Não só existe prova de que eles praticaram o ato, como existe prova de que nenhuma outra pessoa entrou no prédio naquela noite. A investigação, ao contrário do que dizem, nunca descartou qualquer linha que pudesse talvez trazer algum desconhecido para o inquérito policial”, garante.
Além de denunciar o casal, o promotor deu parecer favorável ao pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Para Francisco Cembranelli, a prisão é necessária por causa da repercussão e da gravidade dos crimes, pelo perfil agressivo que, segundo o promotor, o pai e a madrasta de Isabella têm, e ainda pelo casal ter cometido, segundo a denúncia, o crime de fraude processual - no caso, alterar a cena do crime para destruir provas.
“Isso vai dar celeridade ao processo. Não há dúvida. Se tivermos eles presos poderemos com absoluta tranqüilidade colher a prova, levar adiante este propósito e num futuro não tão distante assim colher a manifestação social quanto à responsabilidade criminal atribuída a ambos”, disse o promotor.
O advogado de defesa do casal considerou a denúncia frágil.
“Nós entendemos que a denuncia é superficial. A gente vem ressaltando pela vulnerabilidade das provas e a gente pode observar e confirmar isso na própria denúncia. E agora haverá o transcurso da instrução criminal e a gente então está confiante numa decisão favorável ao casal.”, disse Marco Polo Levorin, advogado de defesa.
O juíz Maurício Fossen, do II Tribunal do Júri, terá cinco dias para decidir se aceita a denúncia e se decreta a prisão preventiva do casal. A condenação pelos crimes de que são acusados pode significar de 12 a 30 anos de prisão para Alexandre Nardoni e Anna Jatobá.
Fonte: extraído da última edição do Jornal Nacional - portal G1 - Globo

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